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Machado de Assis, sempre na berlinda, anda envolvido numa discussão sobre seus livros. A idéia é reescrever o texto do bruxo, tornando-o acessível a leitores iniciantes. Melhor ler Machado modificado do que não ler. Será?

Esse assunto tem favoráveis e contrários que se engalfinham expondo suas razões. O que me faz lembrar do que dizia aquela turma da cultura de massa. Para essa turma há que se formar um público leitor e para isso vale tudo. Daí a importância dos gibis, de livrinhos sobre histórias de amor vendidos nas bancas, contos policiais de segunda linha etc. Lendo textos mais fáceis o cidadão habitua-se a ler e daí para livros mais sérios é só um passo. Será?

Ainda acho que a razão está com essa gente que põe a culpa na televisão. Hoje em dia crianças que ainda não chegaram aos cinco anos de idade lidam como ninguém com os controles remotos e dominam os televisores. Na minha infância televisão era um luxo que poucas famílias possuíam. Além do que havia o problema da sintonia de canais. Antenas colocadas nos telhados das casas e poucos repetidores tornavam um milagre ver-se na telinha pouco mais que sombras em movimento. Diante disso restava-nos o socorro dos livros. Meu pai, por exemplo, tinha alguns livros de Machado de Assis e José de Alencar. Eu teria uns treze anos quando li os romances da primeira fase do Machado. E havia, também, o socorro do dicionário para aquelas palavras que não faziam parte do meu vocabulário. Degrau por degrau a capacidade de entendimento foi se formando.

O que parece faltar nos dias de hoje é estímulo e aplicação. Dominar um texto dá trabalho, mas é preciso informar que a aventura é instigante. Quer dizer: o fulano não está perdendo tempo, está investindo na sua formação e adquirindo bagagem que levará por toda a vida. Mais: ler é um dos grandes prazeres dessa vida. Converte o fulano num cidadão informado e culturalmente apto. Não vale a pena?

Talvez mais importante do que reescrever textos para facilitar a leitura seja estimular o ato de ler. Bem trabalhada a idéia pode-se, lenta e progressivamente, criar um grande contingente de leitores.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 maio, 2014 às 8:53 am

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