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Dia de greve

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Acordo com o toque do telefone. É a moça que trabalha em casa, avisando que não virá porque os ônibus estão em greve. Ela diz que conseguiu chegar até o meio do caminho, mas os grevistas fecharam o trânsito de modo que só restou a ela voltar para casa.

O trajeto entre a minha casa e a empresa sugere um amanhecer de domingo. São pouco mais de nove horas da manhã de quinta-feira e não há trânsito. Nenhum ônibus circula nas ruas e paira sobre a cidade um grande silêncio. De repente surge um grupo de cerca de cinquenta pessoas, carregando bandeiras, caminhando e fechando a avenida. Tenho tempo de entrar numa travessa e não demoro a chegar ao lugar onde trabalho.

Mal me arranjo em minha mesa e um funcionário aparece para me avisar que estamos à meia bomba. A greve dos meios de transporte impediu que os funcionários chegassem ao serviço e não há previsão de que as coisas melhorem ao longo do dia.

Com pouco a fazer num dia paralisado, ligo o computador e fico sabendo que a greve afeta a vida em várias cidades do país. Grevistas fecham estradas importantes e paralisam o movimento de veículos entre cidades.

O que se nota é que as pessoas estão amuadas, receosas. Movimentos de protestos e greves são bem-vindos porque se faz necessário um grande ajuste das coisas no país. Entretanto, parece que há gente demais protestando sem que se configure um movimento determinado. De dias para cá as pessoas compreenderam que qualquer grupo de pouco mais de vinte pessoas pode fechar ruas e estradas sem que nada aconteça a elas. Assim, saem às ruas pequenos blocos, advogando interesses nem sempre comuns a toda gente.

Desnecessário repetir que ninguém sabe no que isso tudo vai dar. Os governantes perdem popularidade e apelam para medidas de impacto nem sempre condizentes com as necessidades do país. De repente a classe política se engaja no tal partido que diz ouvir a voz das ruas, trasmudando-se o criticado em combatente solidário com as reivindicações populares.

Não é possível dizer como veremos os acontecimentos atuais quando observados no futuro. Que dirão os estudiosos do futuro sobre o momento crítico que atravessamos? Hoje eu diria que não é tão absurdo se pensar na possibilidade da perda de controle do governo sobre a situação, iniciando-se uma revolta de proporções ainda maiores.

Urge reformar os discursos e a disposição em agir corretamente dado o gigantismo da onda de insatisfação que varre o país.

Escrito por Ayrton Marcondes

11 julho, 2013 às 12:19 pm

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