Os 50 anos de Getz/Gilberto at Blog Ayrton Marcondes

Os 50 anos de Getz/Gilberto

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Há cinco décadas João Gilberto gravava com o saxofonista norte-americano Stan Getz o disco Getz/Gilberto considerado como marco na introdução da bossa nova nos Estados Unidos. O disco esteve em segundo lugar nas paradas dos EUA por 96 semanas e foi um dos mais vendidos no período. Era o ano de 1963 e por aqui as rádios já tocavam muita Bossa Nova, isso para desencanto de alguns sambistas da velha guarda. O grande maestro Ary Barroso certa vez comentou que compusera muitos sambas como aqueles feitos pela moçada da Bossa Nova. Mas, o samba ainda era muito cantado e ouvido naqueles bons tempos da década de 60.

Nunca assisti a uma apresentação ao vivo de João Gilberto cujos discos em vinil sempre tive a partir daquele formidável “Chega de Saudade”. Mas, assisti a Stan Getz quando veio ao Brasil e se apresentou no Teatro Municipal em São Paulo. Daquela noite guardei a impressão de que Getz talvez não fosse um monstro de seu instrumento à altura de Coleman Hawkins, por exemplo. Mais tarde tive várias oportunidades de reverter a impressão inicial através de inúmeras gravações realizadas por Getz, muitas delas realmente espetaculares. Foi ele de fato um dos grandes nomes do jazz, exímio instrumentista, excelente e criativo intérprete.

Os 50 anos de Getz/Gilberto nos devolvem as décadas de 50 e 60 quando a Bossa Nova estourou no Brasil. Nomes como os de Tom Jobim e João Gilberto ajudaram a imagem do Brasil no exterior. Por aqui nem sempre a música da turma da Bossa era bem vista. Quando da célebre apresentação dos músicos brasileiros no Carnagie Hall de Nova York, em 1962, a manchete que publicada aqui foi: “Bossa Nova desafina no Carnagie Hall”.  O “desafina” era por conta da música “Desafinado” de Tom Jobim que tornara o compositor conhecido nos EUA. De fato a apresentação em Nova York não foi lá dessas coisas, mas serviu como porta de entrada para excelentes músicos brasileiros nos EUA.

Não há como falar sobre os 50 anos de Getz/Gilberto sem lembrar-se da efervescência do final dos anos 50 e começo dos 60 no Brasil. Eder Jofre tornara-se campeão mundial de boxe, Maria Esther Bueno era campeã em Wimbledon, a seleção brasileira conquistara a Copa de 58, iniciava-se o reinado de Pelé e a música experimentava a revolução da Bossa Nova. Aí o Jânio renunciou, João Goulart foi deposto e iniciou-se a ditadura de 64 que pôs um ponto final naquele frenesi em que se vivia.



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