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Depois do incêndio

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Não há como evitar notícias sobre o incêndio na boate Kiss de Santa Maria. Os enterros de inúmeros jovens, a dor das famílias, as mais de oitenta pessoas ainda internadas - grande número em estado considerado grave - continuam a gerar indignação, revolta e pedidos de justiça. Volta e meia alguém publica nos jornais comentários sobre o fato que tem sido noticiado em todo o mundo. Difícil não ligar o incêndio e os 235 mortos à ideia de que poderia ter sido com um de nossos filhos, daí partilharmos do sofrimento daqueles que perderam pessoas queridas.

No mais o que se vê são tentativas de negação de culpa, passagem de responsabilidades, cada um se isentando de sua parcela de contribuição na tragédia. Os donos da boate, os músicos, a prefeitura, o corpo de bombeiros, todos se dizendo isentos de responsabilidade e por vezes atribuindo o terrível episódio a uma grande “fatalidade”. Quer dizer que devemos aceitar como algo que tinha que acontecer, dessas coisas que simplesmente ocorrem. Sabe-se  lá por quais razões justamente aquelas pessoas estavam no lugar naquele exato momento, perdendo suas vidas. Mesmo o fato de que no isolamento acústico tenha se usado uma espuma altamente inflamável, cuja queima – segundo se divulga - produz o mesmo gás utilizado pelos nazistas em câmaras de extermínio, terá sido acidental porque não era para ter pegado fogo. Também se registre que em outras ocasiões sinalizadores foram queimados pela banda sem que nada tivesse acontecido, dai a “fatalidade”.

Certamente ouviremos explicações e muitas negativas sobre quem de fato deve responder pela tragédia ocorrida na boate. Entretanto, nada mudará o fato de que na madrugada de sexta para sábado 235 pessoas que estavam numa boate superlotada perderam a vida desnecessariamente, absurdamente. O pior é que, se vale a experiência que temos sobre o andamento das coisas neste nosso Brasil, daqui a um bom tempo, passada a emoção e o interesse em divulgar notícias, a tragédia será amortizada, senão esquecida, exceto por aqueles que chorarão vida afora a perda de seus entes queridos.

O que se espera no momento, mais que a apuração das responsabilidades, é que os órgãos públicos cumpram o seu papel, não só alavancando propostas, mas cumprindo-as após serem aprovadas. Será esse o único meio de evitar que tragédias como a de Santa Maria se repitam.

É preciso não esquecer os mortos de Santa Maria porque a lembrança deles nos fará reclamar medidas importantes para que novas mortes não venham a acontecer.

Escrito por Ayrton Marcondes

31 janeiro, 2013 às 12:20 pm

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