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Dinheiro falso

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Se há uma coisa que mexe com os nervos da gente é ser enganado com dinheiro falso. Fui vítima disso algumas vezes, todas em Buenos Aires. É sabido por lá que se precisa de muito cuidado com troco em notas, principalmente nos táxis. Você dá uma nota de 50 pesos e recebe pelo menos uma de 20 pesos falsa. Recebi, também, troco falso numa lanchonete que ousei pagar com nota de 100 pesos. Posso dizer que, depois de ser roubado algumas vezes, decidi aprender a conferir as notas que recebo quando estou naquela cidade. Desde então não recebi mais notas falsas ou rasgadas que também não são aceitas por lá.

De vez em quando surgem notícias de dinheiro falso no Brasil. Mas, se bem me lembro, o movimento de notas falsas foi maior em épocas passadas. Em todo caso, toda vez que ouço falar em notas e moedas falsificadas me recordo de uma história de meus tempos de menino. Trata-se de uma família de pessoas vindas do interior de Minas que se mudou para um sítio na cidadezinha em que morávamos. Gente muito boa, simples, talvez até mesmo com dificuldades de leitura. Pode-se dizer que seriam abastados, isso dentro do conceito limitadíssimo de riqueza do lugarejo e da época em tela.

A família era constituída por um casal de velhos - os avós - um casal mais novo - os pais - e três filhos. O mais velho dos filhos estudou durante anos num seminário, mas abandonou-o antes de tornar-se padre. Então veio morar com a família no sítio, sendo que, vez ou outra, viajava para São Paulo. Rapaz inteligente, bem apessoado, era ele o orgulho da família, o rebento ilustrado que dera certo. Pois justamente esse rapaz convenceu seus pais e avós a investir o que tinham de posses numa formidável máquina de fazer dinheiro. Foi assim que aquela gente simples passou às mãos do malandro o dinheiro que possuía, aliás, dinheiro esse que ele gastava em seus longos folguedos na capital. A coisa durou até que avós e pais descobriram-se endividados e acabaram por saber da infantilidade de acreditar-se na possibilidade de se adquirir uma máquina de fazer dinheiro.

Ficou-me a imagem do velho - o avô – ajoelhado em frente ao altar da igreja, rezando por dias a fio, pedindo a Deus clemência e reordenamento da vida, no que não foi atendido. Morreram os avós pouco depois, dizia-se na ocasião que por desgosto. O pai, obrigado a desfazer-se do sítio para saldar dívidas, mudou-se e arranjou emprego como varredor numa fábrica. Grande fatalidade familiar que ainda hoje me impressiona.

Ontem a polícia descobriu uma fábrica de moedas falsas em Campinas-SP. Estima-se que a fábrica tinha capacidade de produzir cerca de 10 mil moedas de 50 centavos por dia e funcionava há quatro anos. Consta que as moedas produzidas são de boa qualidade, sendo difícil diferenciá-las das verdadeiras.

Como se vê a produção de dinheiro falso seduz a bandidagem, daí ser preciso muito cuidado no manuseio de dinheiro em espécie.

Escrito por Ayrton Marcondes

1 junho, 2012 às 1:28 pm

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