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E o Barcelona?

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Torcedores do Santos não disfarçavam a alegria pela desclassificação do Barcelona diante do Chelsea. A vibração tinha duas razões: o gosto de vingança contra um time perfeito que humilhara o Santos na final do Campeonato Mundial Interclubes do ano passado; e a certeza de que o Santos vencerá a Taça Libertadores e não terá o Barcelona pela frente em nova disputa pelo título mundial.

Mas, o que mais me impressionou foi perceber que muita gente torcia contra o Barcelona. A razão talvez fosse o desejo de ver-se quebrada a fama de imbatível, afinal o perfeito sempre incomoda. E, em matéria de futebol, há que se concordar que, nos últimos anos, nenhuma equipe de futebol, seleção nacional ou não, nem de longe se aproximou da condição de que hoje desfruta o time do Barcelona.

Messi perdeu um pênalti no jogo, logo Messi não é mais o mesmo. Ouvi de algumas pessoas que repetiam isso com indisfarçável alegria. Mas, futebol não é assim mesmo? Não é aquele esporte em que tudo pode acontecer? Muitas vezes até contrariando toda a lógica e expectativas?

Na empresa onde trabalho havia, há alguns anos, um porteiro, corintiano roxo, além disso, um grande entendido de cinema. Consta que em seu passado chegara a ocupar cargos de mais relevância, inclusive de alguma liderança no sindicato do setor em que trabalhava. Também diziam as más línguas que o porteiro era do tipo que “viveu a vida” torrando cada centavo que ganhou em muita diversão. Eu sempre conversava com ele, fã de cineastas, atores e grandes jogadores de futebol sobre quem falava com conhecimento. Pois aconteceu, certa ocasião, o Corinthians estar para jogar com um time mais fraco, mal classificado no campeonato, daí ser a equipe corintiana francamente favorita. No dia da partida cruzei com o porteiro no corredor e comentei que o Corinthians ganharia facilmente. Ao que ele me respondeu, apreensivo:

- É jogo, amigo. Jogo é jogo daí que tudo pode acontecer.

Não me lembro do resultado da partida do Corinthians naquele dia, mas guardei a noção pura de jogo como algo que abre um leque de possibilidades, daí tudo ser possível, inclusive os resultados inesperados.

Bem, o Barcelona nada mais foi que vítima do jogo. Jogo esse, aliás, jogado por seus atletas contra um dos mais perfeitos esquemas de ferrolho de que se tem notícia. O Chelsea obviamente tem um time de estrelas, muito bom, mas está aquém do Barcelona. Aliás, o Barça comandou as ações durante quase todo tempo da partida. Mas, esbarrou na grande aplicação tática dos jogadores do Chelsea que desempenharam com perfeição as suas funções.

Vale, ainda, lembrar que futebol é esporte caprichoso no qual pesam fatores como acaso, sorte e até estar no dia certo. Por isso, aos que da noite para o dia decretaram o fim do Barcelona e de Messi recomenda-se cautela. O time apenas empatou com o Chelsea e não se classificou. Mas, quem assistiu ao jogo sabe que nem por isso o Barcelona deixou de ser aquela equipe mágica, melhor que o próprio Chelsea, embora aparentemente tenha-se encontrado, no momento, antídoto contra as graças que seu time mostra-se continuamente capaz de realizar. E o Chelsea soube utilizar maravilhosamente esse antídoto baseado no ferrolho e nas jogadas de contra-ataque.

Por fim, seja lá porque os jogos da Europa passaram a ser transmitidos, seja porque o futebol brasileiro esteja em baixa, o fato é que começamos a conhecer talvez melhor as equipes europeias que as nossas. Isso não deixa de ser curioso e preocupante.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 abril, 2012 às 8:44 am

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