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Domingo de Ramos

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Fui criado num meio em que todos os símbolos da crença católica eram valorizados. Isso ainda acontece nas cidades do Brasil, embora já não se tenha tanta certeza na fé do povo.

Das celebrações da Igreja Católica, a do Domingo de Ramos é das mais marcantes. Nas missas celebradas nesse domingo os fiéis têm seus ramos – folhas de palmeiras ou outras plantas – bentas pelo sacerdote. Depois os ramos bentos são levados para as casas onde permanecem como uma espécie de amuleto.

Mas, o que se comemora neste domingo? Festeja-se a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Essa comemoração precede os rituais da Semana Santa. Aliás, disso eu não sabia em meus tempos de menino, quando ia com minha mãe à missa do Domingo de Ramos.

Desses domingos ficaram-me os rituais: a escolha das folhagens, a ida à missa, a benção dos ramos e, depois, o ato de guardá-los em casa. Ficavam em alguma gaveta, muitas vezes esquecidos, até que a possibilidade de alguma desgraça surgisse. Então minha mãe recorria aos ramos que funcionavam como anteparo contra algo de mau que poderia acontecer.

Ficou-me desse tempo a ligação entre os ramos bentos e as tempestades. Quando o céu se carregava de nuvens negras e o dia parecia transformar-se numa noite, quando trovões e raios anunciavam as grandes tempestades, então era hora de se apelar para os ramos. Cobriam-se espelhos com panos e queimavam-se alguns ramos, forma de rogar proteção contra os perigos da chuva.

Não sei se ainda é assim por esses interiores do Brasil. Há muitos anos deixei de ir à missa do Domingo de Ramos e já não me inquieto com as tempestades. Entretanto, hoje vi uma senhora na calçada, provavelmente vinda de uma missa. Trazia na mão um chumaço de ramos. Ao vê-la pude tornar ao menino que fui e crer na proteção dos ramos. Mas, continuei o meu caminho e logo a imagem da mulher e dos ramos cedeu lugar à confusão, ao barulho das buzinas cobrando a um guarda que deixasse o trânsito fluir na rua onde estávamos.

Escrito por Ayrton Marcondes

1 abril, 2012 às 11:20 pm

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