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Cuidado com vampiros

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Confesso que não faz muito tempo que deixei de ter medo de coisas ditas sobrenaturais. Durante muitos e muitos anos, principalmente durante a minha infância, tive medo dos mortos, de que fantasmas aparecessem e coisas ligadas a esse gênero.

Mas, o medo tem duas faces, uma delas a de repulsa e outra a de atração. Quando o assunto é o sobrenatural pode acontecer que aquilo que tememos paradoxalmente nos atraia.  Creio que por isso sempre fui um aficionado das histórias de terror, nisso se incluindo a literatura e os filmes do gênero. Li, quando adolescente, de cabo a rabo os contos de Edgard Allan Poe e vida afora assisti a filmes estrelados por Bela Lugosi, Christopher Lee, Peter Cushing, Vincent Price, Boris Karloff e tantos outros atores. Morria de medo, mas adorava os filmes sobre vampiros. E a coisa não parava aí: num mundo que não tinha as distrações tecnológicas de que dispomos hoje e a televisão estava em formação as reuniões e conversas em família eram rotina, muito frequentes. Pois nessas intermináveis conversas sempre havia alguém para contar um caso estranho, algo sobrenatural que infundia nos presentes, senão medo, pelo menos apreensão.

Bem, de lá pra cá o mundo mudou bastante e imagino como teria sido se às pessoas daquela época alguém falasse sobre internet, TV a cabo e telefones celulares, isso para ficar no mínimo. Certamente elas ririam dessas invencionices, pura ficção científica como hoje nos parece, por exemplo, a possibilidade de viajarmos rapidamente para fora do sistema solar.

Entretanto, se o mundo mudou, a verdade é que as pessoas podem ter-se adaptado aos novos modos de ser, mas, substancialmente, continuam como sempre foram, inquietas, talvez inseguras, gerindo suas vidas dentro do contexto que as cerca. Permanecem, como sempre, as velhas perguntas sobre o destino da humanidade, o sentido da vida e por que não, sobre o que de fato existe após a morte.

É nesse ponto que se apoia a sempre crescente literatura e filmografia sobre o terror. O fato é que os vampiros estão mais vivos do que nunca. Verdade que os vampiros atuais já não estão presos às limitações a eles impostas no passado. Hoje os vampiros podem andar por aí em plena luz do dia e até existem aqueles que se privam do sangue humano. Os vampiros dos livros e filmes como “Crepúsculo” são assim. Trata-se de seres que lutam contra sua sede de sangue humano e se comportam muito bem socialmente, inclusive lutando contra outros vampiros que sugam pessoas.

Enfim, muda o cenário, mas as atrações principais são as mesmas. Vampiros e monstros continuam nas telas dos cinemas e fazem sucesso em públicos de diferentes idades. Livros sobre vampiros e lobisomens apaixonados são vendidos aos milhares em todo o mundo. O que nos leva a constatar que de fato os homens continuam os mesmos embora o mundo em que vivem tão velozmente se transforme.

Quando menino eu lia histórias sobre vampiros e temia muito que viessem, durante a madrugada, para cravar seus caninos em meu pescoço. Por isso, tinha sempre um dente de alho na janela do meu quarto e um crucifixo perto da cama. Os vampiros de então eram afastados pelo alho, não suportavam o contato com a cruz e morriam se expostos à água corrente ou a luz do sol. Os de hoje são diferentes, mas não creio que devam ser desprezados porque, queira-se ou não, em sua gênese os vampiros são sempre seres do mal. Portanto, caro leitor, cuidado com os vampiros.

Escrito por Ayrton Marcondes

13 março, 2012 às 3:19 pm

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