Feriados at Blog Ayrton Marcondes

Feriados

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Li que a terça-feira de carnaval não é feriado como se pensa. Isso representa que, se o patrão determinar, os empregados devem comparecer ao trabalho nesse dia. No Brasil? Na terça-feira gorda?

Do que se conclui que existem feriados e feriados, uns maiores, outros menores, alguns nem tanto, mas gozados por costume. Há quem diga que a índole do brasileiro é mais voltada para o descanso que para o trabalho. Ao quem muita gente protesta, revolta-se mesmo, apontando o quanto o povo é sério e trabalha. No fim das contas, não dá para se generalizar. Acontece que o Brasil é grande demais, imenso, desses países com territórios quase continentais no qual se fundem várias culturas diferentes em seu modo de ser e encarar a vida. Quem discorda disso que compare os estados do sul com os do nordeste. Hoje é quinta-feira, será mesmo que o carnaval já terminou na Bahia? O que não se constituiu em crítica à brava gente baiana, por si só talentosa, trabalhadora e capaz. Só que os baianos são os baianos, diferentes dos outros em hábitos e costumes, daí não se poder compará-los com simplicidade a povos que vivem em outros estados. Demais perduram no país certos estereótipos contra os quais parece ser inútil lutar: São Paulo é terra de trabalho, o Rio lugar de diversão, imerso nas belezas naturais e por aí vai. Inútil contrapor-se a isso porque está estabelecido e ponto final. No mais essa imagem de um país de muito sol e alegria contagiante é a que mais pegou no exterior e atraí turistas aos montes para conhecer essa terra de felicidade em que tudo dá.

O que não se pode negar é que, a par de todos os problemas, gostamos muito das paradas obrigatórias proporcionadas pelos feriados, ainda mais quando acompanhadas das sempre bem-vindas emendadas. Nesse sentido o carnaval surge com uma festa e tanto porque a terça-feira gorda sucede a segunda- feira que não é feriado nem nada, mas na qual quase nada funciona porque assim reza o costume. E que dizer das escolas que não funcionam durante toda a semana e só retornam às aulas na outra segunda-feira?

Agora, o que ofende mesmo no sentimento de brasilidade é essa história de se dizer que entre nós o ano só começa mesmo após o carnaval. Ontem, quarta-feira de cinzas, num programa cômico da TV, comemorava-se o primeiro dia do ano. Trata-se de algo como se dizer: agora acabou a farra, vamos ao que é sério.

O que, convenhamos, é inaceitável. Vá lá que se acusem os políticos eleitos e que fazem parte do Congresso de só começaram a trabalhar sério após o carnaval. Mas, não se pode dizer a mesma coisa do povo que dá duro o ano todo. Os brasileiros trabalham muito, daí o país crescer e já estar como a sexta economia do mundo, isso apesar dos desvios milionários e da corrupção que não se consegue extirpar.

A verdade é que o Brasil está mudando. Vai levar tempo para que certas coisas entrem nos eixos - há quem duvide e  jure que nunca entrarão. Mas, sempre existe a esperança de que a ordem um dia prevaleça, a violência diminua e não tenhamos que assistir a cenas tão deploráveis como aquelas ocorridas durante a apuração das notas dadas pelos jurados às escolas de samba que desfilaram  em São Paulo. A invasão da área onde se apuravam as notas, o rasgamento de papeletas assinadas pelos jurados, o incêndio criminoso de carros alegóricos, tudo aquilo faz parte de uma cultura do passado que ainda se infiltra entre as pessoas de bem. Por isso, há que se punir sem dó nem piedade os responsáveis e culpados pelo triste episódio que ensombreceu o carnaval paulista e trouxe até nós, que gozávamos o lazer do feriado, a insuportável visão de uma realidade social do país que a todo custo queremos deixar para trás.



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