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Cenas de filme

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As cenas do grande acidente ocorrido ontem na Rodovia dos Imigrantes são de fato dignas de filme. Impressionante como mais de 100 veículos trombaram uns nos outros, havendo inclusive explosões. Fez-nos lembrar, também, das catastróficas explosões que com frequência acontecem nos países onde acontecem atentados a bomba.

O megaengavetamento com colisões em cascata ocorreu em lugar de intensa neblina. Não se sabe ao certo como começou, supondo-se que em primeiro lugar dois caminhões colidiram. Depois sobreveio a confusão com a ocorrência de uma morte e vários feridos, alguns em estado grave. Em meio à neblina e incrédulos diante da dimensão da catástrofe circulavam pessoas, tentando-se organizar atendimento aos feridos. Pessoas gritando, quebrando janelas para sair dos carros, explosões e incêndios. Cenas de filmes, de ficção, como aquelas que costumamos ver nos cinemas.

É claro que todo mundo tem horror à possibilidade de participar de acidentes. Quando eles acontecem e as pessoas saem ilesas predomina o alívio, apesar de prejuízos. Não foi o que se viu ontem: pessoas andavam de um lado para outro, perdidas, sabendo-se participantes de episódio quase inacreditável. De fato o número de veículos destruídos, as imagens de ferro contorcido, o choro de crianças e gente presa nas ferragens geraram situação de pânico e correria. Em meio a tudo isso a marcante imagem de um casal que sobrevivera miraculosamente embora o carro em que viajavam tivesse ficado completamente destruído.

O acidente de ontem me fez lembrar de outro que me aconteceu quando eu era ainda menino. Teria uns oito anos de idade quando fomos levar, eu, minha irmã e um irmão, meu pai a uma estação de bondes onde ele embarcou. Na volta o motorista do carro em que viajávamos enganou-se quanto ao trajeto. Na noite escura e nebulosa perdeu ele de vista o leito da estrada: ao invés de passar por cima de uma pequena ponte, meteu-se ele no vazio, pelo que fomos parar embaixo da ponte. Situações como essa exigem sangue frio o que, infelizmente, faltou ao motorista que, em pânico, evadiu-se deixando-nos lá.

Ficamos ali por um tempo que não sei precisar. Sentados no banco de trás do carro e machucados chorávamos. Pois foi esse bom choro que nos salvou. Algum tempo depois passou pelo lugar um caminhão cujo motorista ouviu nossos reclamos e nos socorreu. Mas, ficou do episódio o horror de um acidente para nós grandioso e o medo que se apossou de mim quando imerso naquela escuridão e sem saber direito o  que estava acontecendo.

O motorista? Bem, aqueles eram outros tempos, diferentes as responsabilidades. Bronca aqui, bronca ali, no fim ficou tudo por isso mesmo. Estávamos vivos, tudo não passara de um susto, perdendo mais o meu irmão que recebeu uma cicatriz no rosto a qual carregou vida afora, até morrer.

Escrito por Ayrton Marcondes

16 setembro, 2011 às 3:44 pm

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