A boca do povo at Blog Ayrton Marcondes

A boca do povo

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Pessoas do Ministério do Turismo foram presas, algemadas e fotografadas sem camisa. Autoridades, entre as quais está a presidente da República, consideraram inaceitável o uso de algemas e a divulgação das fotos. Questiona-se o modo de agir da Polícia Federal nesses casos.

O assunto vem à baila durante um programa de rádio. Ouvintes e os próprios radialistas reagem à indignação das autoridades. Para essas pessoas criminosos são criminosos, não importando a natureza do delito. Se gente da periferia é algemada, por que não essa turma que lesa os cofres públicos e participa de negociatas? - perguntam os ouvintes.

O terno e gravata faz a diferença? Radialistas dizem que crime é crime, independentemente do colarinho. Contrapõe-se que os presos do Turismo não ofereceram resistência e nem representavam qualquer perigo no momento em que foram presos. Direitos humanos entram na história e também se diz que ninguém deve ter mais direitos que outros.

Parece banal, mas não é. Por trás dessa discussão está a desigualdade social. De um lado figura uma espécie de casta que defende a aplicação da lei, mas respeitando-se os direitos de cada um. De outro os que protestam contra o tratamento diferenciado dado às camadas mais elitizadas como se essas tivessem mais direitos. Afirma-se que as mesmas autoridades não dão mostras de indignação quando o desrespeito é contra gente menos favorecida.

Assunto delicado. Fica que existem erros em ambos os casos, mas a diferença está no posicionamento das autoridades. Em todo caso, não deixa de ser interessante ouvir o que as pessoas dizem. A boca do povo não raramente profere sentenças definitivas. Não será perda de tempo se as autoridades decidirem ouvi-la.



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