Fukushima 2011 at Blog Ayrton Marcondes

Fukushima 2011

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Notícias vindas do Japão referem-se ao desespero da população de Tóquio, temerosa dos efeitos das radiações emitidas após o vazamento na usina nuclear de Fukushima. O Japão está sob o império de uma enorme catástrofe provocada pelo tsunami que arrasou a região nordeste daquele país na qual também ficam usinas nucleares. É a ocorrência da terceira explosão de um reator em Fukushima a causa do mais que justificado pânico. Temem as pessoas principalmente a ação das radiações gama capazes de alterar células dos organismos vivos, provocando vários tipos de cânceres.

Não é nova a discussão sobre o uso da energia nuclear para fins pacíficos. Sempre em pauta, o risco de acidentes em usinas nucleares contrapõe-se aos benefícios da energia gerada. Há que serem consideradas as crescentes necessidades energéticas determinadas pelo mundo industrializado e o modo de vida das populações humanas que não prescindem da utilização de energia. Em tais condições o uso da energia nuclear parece justificado dado ser uma via extremamente útil para suprir a demanda energética em vários países.

Entretanto, as possibilidades de acidentes não são nada desprezíveis. O mundo - particularmente o Japão – conhece muito bem a dimensão das catástrofes nucleares. As consequências das explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki são sempre lembradas toda vez que se fala na expansão do uso de energia nuclear. Ao trágico fato ocorrido no Japão, ao final da Segunda Guerra, somam-se acidentes entre os quais se destaca o ocorrido na  usina de Chernobyl, na Ucrânia. Ali a demora do governo russo em evacuar a região próxima ao acidente resultou na morte de mais de 7000 pessoas além de um número muito maior de contaminações. Até hoje a usina de Chernobyl emite radiações perigosas, estimando-se que isso continue a ocorrer por mais ainda 100 anos. Estudos publicados por cientistas indicam que, nas próximas gerações, mais de 500 mil de pessoas possam continuar a ser afetadas pelas radiações emitidas em Chernobyl.

Como seria de se esperar as explosões em Fukushima reativam, em todo o mundo, as discussões sobre a construção de usinas nucleares. A Alemanha, a Índia e a Suíça declaram-se dispostas a rever suas políticas para usinas nucleares; num primeiro momento os Estados Unidos e a Rússia declaram não ter intenção de rever ou alterar suas políticas no setor.

No Brasil o prof. José Goldenberg tem sido um ferrenho adversário da construção de usinas nucleares. Em artigo publicado há pouco mais de um mês Goldemberg justamente destacava o perigo de acidentes e acrescentava que um país como o nosso que possui uma enormidade de recursos hídricos ainda inexplorados não precisa apelar para a energia nuclear.

De todo modo o assunto continua em aberto. Entre nós ainda pesam os casos de contaminação ocorridos em Goiânia, em 1987, provocados pelo Césio-137 de um equipamento radioterápico de um hospital, irresponsavelmente abandonado no lixo. Quanto ao caso de Fukushima só resta esperar e torcer. Louve-se a rapidez do governo japonês em evacuar a região, mas, infelizmente, a progressão dos fatos e suas consequências ainda são imprevisíveis.



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