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O que há com os jovens?

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Tudo bem, o rapaz cresceu na favela, não teve oportunidades, compreendeu que o Estado não vai resolver o problema dele e foi iniciado bem cedo no crime. Para ele a violência é algo natural, faz parte do cotidiano, matar não passa de um ofício estimulante com o qual se consegue alguma coisa. Tudo isso sem crise, porque filosofia é coisa de gente estudada, de filósofo e sociólogo, da gente toda que quer explicar o inexplicável que é essa merda de vida.

Tudo bem. Então o rapaz que está nessa é capaz de atirar num casal dentro de um carro só para roubar qualquer coisa, ele faz isso sem remorso e do mesmo jeito que mastiga um pão com mortadela. Para esse carinha aí até que se pode buscar alguma explicação, para ele que mata, depreda coisas, destrói por destruir, arrebenta bens públicos e comete toda sorte de maldades que nos deixam parvos e revoltados. Explicação, nunca justificativa.

Mas, que dizer dos bem nascidos, dos que crescem em lares separados do mundo por paredes firmes, dos muitos que até viajam para o exterior de vez em quando e dessa cambada da camada alta que opta pelo mesmo caminho dos bandidos em formação? Pois esses outros carinhas, os bem-nascidos, não trazem em seus currículos passagens por favelas, momentos de fome, obediência a milícias, adestramento para uso de armas avançadas e tudo o mais que corre solto entre a bandidagem.

Você aí me diga: o que há com esses jovens bem-nascidos que fazem o diabo, desrespeitam leis, depredam os ambientes escolares e até botam fogo em índio e mulher grávida? O que há com esses rebeldes sem causa que fazem questão de ser iletrados ainda que a eles se ofereça o que há de melhor em termos de formação?

Alguém tem que responder a essas perguntas para que alguma coisa possa ser feita contra a disseminação da violência gratuita a que assistimos quase todo dia. Isso digo por que não é possível aceitar e compreender todo esse arsenal de atitudes condenáveis e absurdas.

E não adianta comparecer com as explicações de sempre: o exemplo vem de cima, os pais trabalham fora e não cuidam da educação dos filhos, é preciso resolver o problema da droga na porta – e dentro – das escolas, num país onde existe tanta impunidade só pode acontecer isso, a corrupção é uma epidemia difícil de controlar daí afetar diretamente os valores em que se acredita, existe demasiada liberação de costumes etc.

As imagens recentes exibidas na televisão, mostrando estudantes arrebentando escolas, são inaceitáveis e apontam para um tipo de deformação decorrente de falha social. O crime não se justifica independentemente da origem de quem os pratica. Se não podemos aceitar a violência dos jovens oriundos de favelas ou de condição social inferior o mesmo se pode dizer, com maior ênfase, em relação aos jovens pertencentes a camadas sociais mais privilegiadas.

Tudo bem? Não, nada de tudo bem, nada está bem.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 novembro, 2009 às 11:00 am

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