2011 dezembro at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para dezembro, 2011

E o Iraque?

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Os Estados Unidos (EUA) estão saindo definitivamente do Iraque após quase nove anos de invasão. O saldo da Guerra do Iraque é terrível: cerca de 120 mil mortos e enorme destruição do país.  Em moeda os EUA gastaram 800 bilhões de dólares que economistas ajustam para 3 trilhões.

Os EUA invadiram o Iraque durante o governo do presidente norte-americano George W. Bush para colocar fim à produção de armas nucleares pelo governo iraquiano. Aconteceu que os soldados norte-americanos devassaram o território do Iraque e não encontraram vestígios da produção que serviu como justificativa para a invasão. Na época o povo norte-americano, enganado pelas notícias de produção de armas, apoiou a invasão; hoje em dia grande parte daqueles que foram favoráveis à Guerra do Iraque a repudiam.

Mas, ontem os soldados dos EUA recolheram a bandeira de seu país numa base área do Iraque. Bandeira retirada, ocupação encerrada e, apesar da perda de 20 mil vidas norte-americanas no Iraque, chegou a hora de voltar para casa. O Iraque? Ora, a ver como as coisas se ajustarão por lá dadas as correntes que querem dominar o país. O mais difícil é se acreditar que possa se estabelecer a democracia no país em curto prazo.

Os EUA, até agora a nação mais forte do mundo, sempre se impuseram a missão de vigiar o mundo para que as coisas sigam bem, ou seja, em acordo com os interesses norte-americanos. Proprietários de grande riqueza e apoiados no dólar os EUA dominaram o planeta na maior parte do século XX e início do XXI. Agora a pujança dos EUA parece não ser tão forte, embora permaneça. O atual presidente dos EUA, Barak Obama, enfrenta problemas internos que não consegue resolver e é de se pensar como um país que atravessa dificuldades econômicas – embora a sua riqueza – pode gastar tanto dinheiro em guerras externas como a ocorrida no Iraque.

A verdade é que a Guerra do Iraque foi um erro que custou aos norte-americanos vidas e muito dinheiro. Talvez dela mais nos lembremos da mentira utilizada para deflagrá-la, do episódio de Abu Graib e das cenas da execução de Saddam Husseim. No mais é preciso ver como os historiadores do futuro, livres das impressões de momento, tratarão desse assunto. Aos espectadores de hoje a foto da bandeira norte-americana sendo enrolada pelos soldados funciona como um alívio. Quem sabe a partir de agora o povo iraquiano possa encontrar um caminho mais leve de sobrevivência após anos da ditadura de Husseim e da terrível invasão norte-americana.

Sexo e agressividade

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Aproxima-se o fim do ano e aparecem retrospectivas nos meios de comunicação. Outro dia um site lançou a pergunta sobre o fato mais marcante de 2011. Confesso que eu não soube escolher “o mais” entre os sugeridos pelo site.

Em 2011 muitas coisas aconteceram, algumas delas interessantes e inesperadas como as revoltas que depuseram antigos governos ditatoriais em países da África. Foi, também, o ano em que Bin Laden foi morto, fato que mereceu grandes comemorações entre os norte-americanos. E o ano vai terminar com a Europa em crise, sendo fortes as ameaças ao euro, moeda comum aos países europeus. Entretanto, em meio à avalanche de acontecimentos, maiores e menores, ocorridos até agora aquele que mais me confundiu foi o caso do Diretor do FMI, Strauss-Kahn, acusado de ter estuprado uma camareira num hotel em Nova Iorque.

Freud afirmava que o homem convive em seu íntimo com dois gigantes os quais deve dominar para viver em sociedade: o sexo e a agressividade. Freud foi pioneiro ao demonstrar que a questão do sexo começa já na infância. O fato é que somos animais civilizados, ou seja, sobre a nossa pele animal existe um verniz civilizatório que nos condiciona a reprimir impulsos agressivos e sexuais. Entre um polo e outro de comportamentos figura uma vastíssima gama de personalidades. No tocante ao sexo chegam a ser chocantes as diferenças de comportamento observadas em diferentes pessoas. Nesse sentido sempre me impressionaram pessoas para quem o sexo torna-se o limite da vida, a razão primordial de viver. Refiro-me àqueles que outro assunto não têm que não o sexo. Não é a toa que em rodinhas onde se encontram apenas homens a conversa descambe para aventuras sexuais ou referências a essa ou aquela mulher. Nunca presenciei rodinhas só de mulheres daí não poder afirmar com certeza como as coisas se passam entre elas, embora possa suspeitar.

Em relação a Strauss-Kahn avolumam-se acusações relacionadas a casos sexuais nos quais esteve envolvido. Depois de ficar preso em Nova Iorque Kahn acabou sendo absolvido e pode voltar para a França. Antes da acusação de estupro ele era um dos mais sérios adversários do presidente Sarkozy nas próximas eleições francesas. Por essa razão existe uma tendência a achar que o que aconteceu a Kahn em Nova Iorque tenha sido uma armação contra ele. Dias atrás um biógrafo de Kahn veio a público para afirmar que tudo não passou mesmo de uma armação. Seguiu-se a divulgação de um vídeo gravado no hotel, no dia em que teria ocorrido o estupro, no qual dois funcionários estão comemorando algo com grande ênfase. Perguntados sobre o motivo da comemoração os funcionários responderam não se lembrar.

Mas, muita gente fala a mesma coisa sobre Strauss-Kahn que, a parte de ser homem muito importante, parece ter um “outro lado” no qual o sexo é a mola que o move obstinadamente. Daí o “Caso Kahn” que muita gente talvez considere menor ficar entre os que mais me impressionaram em 2011. Por que um homem da importância de Strauss-Kahn, Diretor do FMI e futuro candidato à presidência da França, teria se dado ao desfrute de jogar tudo para o alto ao praticar sexo com uma desconhecida funcionária de um hotel que jura ter sido estuprada por ele? À falta de outra explicação o jeito é apelar para Freud: sexo e agressividade não controlados levaram Strauss-Kahn à desgraça, isso caso tudo tenha mesmo ocorrido como se divulgou.

Escrito por Ayrton Marcondes

14 dezembro, 2011 às 10:44 am

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Gente demais

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O meu vizinho que mora no terceiro andar tem uma explicação para os problemas que afligem o mundo atual:

- Tem gente demais, carros demais, tudo demais. Com tanta gente andando por aí o mundo se torna explosivo, impossível de controlar. Os confrontos entre pessoas se tornam inevitáveis, fato que explica o aumento da violência. Como não é possível atender às necessidades de todo mundo a desigualdade social só faz crescer. O fim disso só pode ser trágico. Aliás, você tem alguma outra explicação para essa enorme confusão e tragédias que ocorrem o tempo todo?

Não respondo. Olho para esse homem com quem ocasionalmente me encontro e, sinceramente, não encontro o que dizer. Ele continua:

- Veja só, hoje mesmo um homem de 41 anos de idade amarrou um cão no carro dele e arrastou o animal por cerca de 500 metros. Aconteceu em Guarulhos. O carro foi parado pela polícia e o só por ação dela o homem não foi linchado pelas pessoas que presenciaram essa desgraça. E olha que o homem declarou estar fazendo favor a um vizinho - o dono do cachorro que já não o queria mais. Como você explica uma coisa dessas?

- Bem, nesse caso…

- Meu amigo, não há outra explicação que não a existência de gente demais e dissolução dos códigos de conduta. A violência é tanta que matar um cachorro arrastando-o com o carro pode parecer a quem faz tal barbaridade algo normal e sensato.

Vou dizer que não sei se concordo com a explicação, mas deixo para lá e pergunto:

- Mas, qual seria a solução?

Ele responde de pronto:

- Ora, paralisar o crescimento populacional. Limitar o número de filhos dos casais como já o fizeram outros países. A China tornou obrigatório que um casal pudesse ter apenas uma criança, não?

Pondero ao meu vizinho que, entretanto, uma medida radical dessas teria efeito demorado, não resolveria a situação de pronto, ao que ele retruca que já seria um bom começo:

- De todo modo haveria uma limitação do número de filhos nas camadas mais carentes e desassistidas. Veja que os casais dessas camadas na maioria dos casos não têm como dar aos filhos o mínimo em termos de saúde e educação. Quanto à ação do Estado nem se fala, como podem atender a tanta gente?

Digo ao meu vizinho que não sei se concordo com a ideia de redução do número de filhos por casal.  Mas, acho que num ponto ele tem razão: há gente demais andando por aí do que resulta essa grande efervescência do nosso cotidiano. Não foi há pouco tempo que atingiu-se a marca de 7 bilhões de seres humanos vivendo na Terra?

Na verdade continuo sem saber se a espécie humana sempre foi assim só que os meios de comunicação eram mais atrasados e as notícias trágicas não chegavam tão rapidamente. Ouvi entrevista de um cientista que estuda o cérebro e ele disse que o ser humano é capaz de tudo, sendo impedido apenas pelas injunções sociais. Vou dizer isso ao meu vizinho, mas ele já não me ouve, afasta-se a passos apressados, sabe-se lá com que outra ideia na cabeça.

Um dia de fúria

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O filme “Um dia de fúria” é de 1993 e estrelado por Michael Douglas em grande atuação. Douglas é William Foster, homem que perdeu o emprego e sai em busca da mulher e da filha. O problema é que Foster está completamente perturbado e mata quem encontra em seu caminho. Para tentar detê-lo o policial Prendergast, interpretado por Robert Duvall, arrisca a própria vida em seu último dia de trabalho, dado que está para se aposentar.

William Foster é inesquecível porque se trata de um homem que atravessou todas as barreiras. O desequilíbrio emocional de Foster leva-o a romper com as convenções e acordos do mundo civilizado. De repente ele surge nas ruas, mas à margem dos códigos que governam as vidas comuns e consideradas normais. Audacioso, violento, Foster é capaz de destruir e matar o que faz como uma máquina que tivesse sido programada para isso. Grande filme do diretor Joel Schumacher .

 “Um dia de fúria” sempre me volta à memória quando acontece a reação desproporcional de alguém a uma agressão de qualquer tipo. Para algumas pessoas parece existir um limiar que, uma vez ultrapassado, resulta em ações inesperadas, violências cometidas por alguém que, até então, era cidadão pacato e cumpridor. O vizinho que tem uma laranjeira no quintal e mata uma criança que costuma roubar as suas laranjas serve como exemplo de alguém que internou-se no estado de violência e cometeu algo desproporcional à agressão que sofreu.

Leio que ontem ocorreu um caso inusitado em Salvador, Bahia. Um homem retornou ao seu carro, que deixara estacionado, e encontrou o vidro, do lado do motorista, quebrado. Além disso, constatou que objetos foram roubados, inclusive um GPS. Esse fato, comum nos dias de hoje, despertou a ira do homem que - após dirigir-se a um policial e não conseguir resposta afirmativa - passou a arremessar pedras em carros estacionados no local. A notícia nos dá conta de que esse homem danificou 40 veículos antes de ser detido e levado a uma delegacia.

Não se pode negar a sensação de extremada revolta que sentimos ao sermos vítimas de algum tipo de crime. Entretanto, o que chama a atenção no caso ocorrido em Salvador é a intensidade da reação, certamente inesperada e desproporcional à agressão sofrida.  O cidadão cujo carro foi roubado teve o seu momento de fúria. Acabou numa delegacia, preso por ato de vandalismo, e vai ter que se haver com os danos materiais provocados em veículos de pessoas que nada tinham a ver com o roubo.

A escolha da profissão

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Você talvez conheça alguém que deu duro para entrar numa determinada faculdade e desistiu do curso ao descobrir que estava na área errada. Há os que descobrem logo e os que chegam ao final, mas nunca trabalham na profissão. Conheci um médico que terminou o curso de medicina só pela insistência do pai dele. Depois de adquirir o diploma não se dedicou um só dia ao exercício profissional que o diploma de médico permitia a ele.

A escolha da profissão nem sempre é fácil. Existem testes vocacionais que ajudam a direcionar escolhas. Por outro lado há pessoas que desde logo enxergam claramente aquilo que farão no futuro. Não devemos nos esquecer, também, daqueles que desejam muito tornarem-se profissionais de determinada área, mas não têm aptidão para tanto.  Nesse caso estão, por exemplo, pessoas que não possuem habilidades com as mãos e almejam serem cirurgiões ou dentistas. Mas, se elas têm dificuldade até em fazer o laço com o fio dos sapatos…

Já se disse que as escolhas mais importantes, infelizmente, são feitas muito cedo na vida. Profissão, casamento e tantas outras escolhas são feitas quando a pessoa em geral é muito jovem daí se atrelarem a laços que poderão pesar-lhes vida afora - caso as escolhas não sejam acertadas. No fundo a escolha deve levar em conta, entre outros fatores, as aptidões pessoais e algum vislumbre das possibilidades da profissão no mercado de trabalho. Conheço pais que se preocupam muito não só com a formação dos filhos, mas com as inclinações deles no sentido de adotarem essa ou aquela profissão. O filho de um amigo, ainda cursando o ensino médio, quer porque quer tornar-se músico com o que o pai não concorda dadas as dificuldades de realização nessa profissão. Em todo caso é muito importante que as pessoas dirijam suas escolhas para algo que tenham não só habilidade como gostem porque, senão, passarão a vida brigando com uma atividade que não os satisfaz.

Mas, se servir de ajuda para alguém, o site da revista Forbes acaba de publicar uma lista das dez profissões que contam com pessoas mais felizes e das dez que reúnem os mais infelizes profissionalmente. A lista resultou de uma pesquisa realizada na Universidade de Chicago e chama a atenção o fato de que a felicidade profissional ou não parece não estar ligada e melhores remunerações pelo trabalho executado. A lista dos mais felizes é encabeçada pelos clérigos, seguindo-se bombeiros, fisioterapeutas, escritores, professores de educação especial, professores, artistas, psicólogos, vendedores de serviço financeiros e engenheiros de operação. Já a lista dos infelizes começa com o cargo de diretor de tecnologia da informação seguindo-se diretor de vendas e marketing, gerente de produto, desenvolvedor web júnior, especialista técnico, técnico em eletrônica, assistente judicial, analista de suporte técnico, operador de controle numérico computadorizado e gerente de marketing.

Não sei se a lista da Forbes servirá a alguém para a tomada de posição em relação ao que pretende fazer na vida. Por outro lado é preciso considerar se a pesquisa realizada numa universidade norte-americana se aplica ao Brasil. Republicada no site do UOL a lista mereceu vários comentários dos leitores, havendo quem ache que se ajusta bem à realidade brasileira. Entre os leitores há também opiniões de pessoas que no momento praticam profissões consideradas infelizes e discordam, afirmando serem felizes em suas atividades. Mas, chama a atenção a discordância geral em relação à inclusão de professores entre os mais felizes profissionalmente. Leitores protestam contra isso fato que parece mesmo espelhar o desagrado dos profissionais brasileiros que militam nas salas de aula.

Em caso de morte

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Éramos crianças. Não sou capaz de dizer quantos anos eu tinha, mas me lembro de que naquele tempo a morte era precedida por sinais. Lâmpadas que se acendiam em meio à madrugada sem que ninguém acionasse o interruptor, ruídos incomuns na casa ou fora dela e até o canto de galos em horas inabituais eram seguidos da notícia de que algum parente ou alguém próximo da família falecera.

Os mais antigos tinham relação mais direta com o sobrenatural. Hoje em dia não é assim, talvez porque nas cidades, mesmo as pequenas, se desfez o ambiente lúgubre nas noites mal iluminadas e o contato entre as pessoas através dos meios de comunicação tornou-se rotina. O mundo é outro, cada vez mais diferente dele mesmo a cada dia que passa fato que não nos deixa atônitos porque a mudança passou a fazer parte da rotina.

Mas, houve há poucas décadas um mundo no qual a televisão só começava e nem se tinha ideia de que um dia existiriam a internet, telefones celulares etc. Naquele mundo as regras de convívio eram diferentes, a consideração pelo próximo maior que a que hoje se observa e uma pitada de sobrenatural fazia parte do cotidiano das pessoas.

Lembro-me de certa madrugada em que, por estar a nossa casa em reforma, dormimos todos num mesmo quarto. Minha mãe arrumou a cama das crianças perto da em que ela dormia com meu pai e foi nesse lugar que ferramos no sono. Pois eis que pouco antes do amanhecer fomos acordados por ruídos estranhos e fortes no telhado da casa. Meu pai levantou-se, foi até a sala e usou uma escada para tentar identificar a origem da barulhada. Quando voltou ele disse à minha mãe que não encontrara nada. Ao que minha mãe, sempre atenta aos sinais, respondeu que aquilo poderia ser um aviso da morte de alguém da família ou conhecido.

Tenho comigo que na manhã seguinte fomos avisados sobre a morte de alguém. Guardei esse fato na memória por tantos anos e, sinceramente, não sou capaz de dizer se inventei o desfecho da chegada da notícia na manhã seguinte. Na verdade a minha tendência é não acreditar que isso tenha acontecido embora eu não possa jurar que tenha sido assim. As pessoas que estavam no quarto naquela noite infelizmente já morreram e fiquei eu com essa lembrança dos meus tempos de criança da qual, por alguma razão sempre me lembro, acho que para manter a possibilidade da existência do sobrenatural viva em meu pensamento.

Kepler-22b

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Em andamento a busca de planetas onde a vida seja possível. Astrônomos procuram no espaço planetas que tenham similaridades com a Terra, iniciando-se com a presença de água.

Ultimamente tem-se falado sobre o futuro da vida na Terra, enfim da humanidade. Existem opiniões de que, em futuro não tão distante, o homem tenha que migrar para outro planeta que seria uma extensão do nosso, pois só assim a vida poderia continuar a existir.

Sempre que esse assunto vem à baila torna-se inevitável pensar sobre a existência de vida, tal como conhecemos, no espaço. Não deixa de ser intrigante a existência de um universo de dimensões tão avantajadas sem sinais de vida, excetuando-se a da Terra. Não há lógica em imaginar que dentro de tal imensidão apenas o planeta que habitamos reunisse condições para que nele a vida surgisse e, com ela, a evolução que resultou nas espécies hoje existentes. Nesse sentido não há que se ignorar teoria segundo a qual a vida teria vindo do espaço: microrganismos teriam caído nos mares primitivos da Terra e neles encontrado meio para sobreviver e reproduzir-se. Mas, essa ideia esbarra em fatos como a inexistência de provas de vida fora da Terra e as dificuldades que um ser vivo enfrentaria para atravessar, sem morrer, a atmosfera terrestre.

Mas eis que surge a notícia da descoberta de um planeta que apresenta semelhanças com a Terra. Batizado com o nome de Kepler-22b os astrônomos acham que nele é possível a existência de água. Com tamanho cerca de 2,5 vezes maior que o da Terra o Kepler-22b gravita em torno de uma estrela como o Sol que nos ilumina. Seu ciclo anual é de 290 dias, inferior, mas próximo, dos 360 dias de duração do ano na Terra.

Ontem, nos noticiários televisivos, falou-se sobre a descoberta do Kepler-22b. Num jornal da noite um apresentador precedeu a notícia dizendo que o que falaria a seguir pareceria ficção científica. Depois disso falou sobre o Kepler-22b, acrescentando que ele dista 600 anos-luz da Terra.

Eis aí: o Kepler-22b fica muito longe e mesmo que nele a vida seja possível jamais poderemos conhecê-lo de perto, pelo menos sob os padrões da ciência atualmente disponíveis.  Mas, os cientistas não descansam e os astrônomos continuam, febrilmente, a explorar o espaço.

O 7º ministro

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E lá se foi o 7º ministro do governo Dilma, acusado de tantas que a situação dele se tornou insustentável. A partir da tarde de ontem Carlos Lupi tornou-se ex-ministro do Trabalho por ter pedido demissão do cargo no que facilitou a tarefa da presidente que teria que demiti-lo.

Lupi saiu esbravejando, dizendo-se perseguido pela mídia e atacando a “condenação sumária” a ele imposta pelo Conselho de Ética. Assim, a novela Lupi tem, já tardiamente, o desfecho mais que esperado. A gota d´água para a saída de Lupi foi a divulgação do fato de, durante cinco anos, ter ocupado, ao mesmo tempo, dois cargos públicos, obviamente sendo remunerado em ambos. Antes disso, os assessores de Lupi no ministério tinham sido acusados de receber propinas de ONGs para confirmar contratos; depois surgiu a notícia de que o próprio Lupi teria beneficiado ONGs. A isso foi acrescentada a revelação de que o ministro viajara ao Maranhão em avião providenciado pelo dono de uma ONG - fato de início negado por Lupi  - mas depois admitido, alegando ele falha de memória.

Antes de Lupi saíram do governo os ministros do Esporte, do Turismo, da Agricultura, da Defesa, dos Transportes, das Relações Institucionais e o da Casa Civil. Dos sete apenas os da Defesa e o das Relações Institucionais não saíram devido a denúncias. O primeiro a sair do governo foi Antônio Palocci, Ministro da Casa Civil e homem forte do governo que sucumbiu a acusações de aumento brutal de renda pessoal num período muito curto de tempo.

O governo Dilma ainda não completou um ano de funcionamento e ela vem sendo elogiada no exterior pela limpeza que tem feito nos ministérios. As atitudes da presidente têm caído, também, no gosto popular, sendo considerada pessoa séria e comprometida com o cargo que atualmente ocupa. Na verdade parece que a presidente nem mesmo tem outra opção que não a de aceitar a demissão de ministros ou demiti-los. Dilma herdou de seu antecessor, que fez campanha aberta para elegê-la, um imbróglio de pessoas e seus controvertidos interesses. O Lupi que ontem deixou o governo foi Ministro do governo anterior, herdado pelo atual governo que finalmente se livrou dele. O mesmo acontece com vários postos na hierarquia do governo ocupados através de exigências de partidos políticos, trocadas pelo apoio de seus membros ao governo. Para que se tenha ideia nesse momento do PDT – partido ao qual pertence Lupi – discute o nome do pedetista que deverá substituí-lo no Ministério do Trabalho.

Como se vê existe uma espécie de loteamento de áreas do governo realizada através de acordos nas bases políticas que o apoiam. Cada partido é proprietário de um feudo e cabe à presidente zelar para que essa turma trabalhe em acordo com os interesses do país e da população.

Do que se conclui que não é simples, nem fácil, a política. Em todo caso o que é inaceitável é essa dança de atitudes ligadas à corrupção, partindo justamente dos altos escalões da República. Talvez por isso jornalistas estrangeiros, credenciados no Brasil, estranhem tanto o quanto se fala bem de nosso país fora dele. Segundo a opinião desses jornalistas falta aos estrangeiros a visão do dia-a-dia do país que cresce, mas mantém enorme desigualdade social e convive com violência extrema e corrupção.

Bem, como dizia Tom Jobim, o Brasil não é mesmo para iniciantes.

Sócrates

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O ex-jogador Sócrates morreu hoje e será enterrado daqui a pouco, em Ribeirão Preto. Não se fala noutra coisa nos principais sites do país. Jornais de todo o mundo repercutem a morte do ex-jogador e será observado um minuto de silêncio antes do início dos jogos da última rodada do Campeonato Brasileiro, nesta tarde.

Há muito que se dizer sobre Sócrates. Os que com ele conviveram, ao tempo em jogava e depois, falam sobre um ser humano acima da média sobre o qual existem inúmeras histórias. Sócrates jogador do Corinthians, da italiana Fiorentina, do Flamengo, do Santos, das grandes seleções brasileiras que participaram das Copas de 82 e 86 sob o comando do também já desaparecido técnico Telê Santana. Sócrates líder da Democracia Corintiana, Sócrates médico, Sócrates autor de declarações sempre lembradas, Sócrates participando do movimento das Diretas Já, Sócrates amigo de gente importante, Sócrates fã de cerveja, Sócrates ídolo popular. É um homem com tais predicados que desaparece após um período de três internações hospitalares, sendo a última devido a uma infecção generalizada que progrediu rapidamente e roubou a sua vida.

Eu vi Sócrates jogar quando ele ainda era um desconhecido avante do Botafogo de Ribeirão Preto. Aconteceu em 1977 quando o São Paulo disputou com o Botafogo o título do primeiro turno do Campeonato Paulista. Até aquele dia eu não ouvira falar sobre Sócrates, mas surpreendeu-me o futebol jogado por aquele rapaz muito magro e alto, dono de grande habilidade e visão de jogo. A partida terminou empatada em 0 X 0 sendo que esse resultado favoreceu o Botafogo que ficou com o título.

Na época eu ia bastante aos jogos realizados no Morumbi e no Pacaembu o que continuou a acontecer ao longo da década de 80. De lá para cá são passados mais de 30 anos. Nesse período o mundo mudou bastante, a população brasileira aumentou, a violência nos estádios e suas proximidades também. Deixei de assistir a jogos no campo por receio de atos violentos. Mas, antes disso, vi Sócrates jogar algumas vezes, sempre exibindo seu futebol cheio de magia e encanto.

Sócrates foi um mestre da bola, grande artista dos gramados. As pessoas que amam o futebol e acompanharam a carreira desse excepcional jogador estão tristes com o desaparecimento dele aos 57 anos de idade. Para mim a morte de Sócrates revela-se como perda de um dos elos que me ligam a uma época passada da qual a cada dia me distancio ainda mais. Talvez seja por essa sensação de perda, de desligamento com o que fomos em tempo passado, que nos faça lamentar ainda mais a morte de Sócrates.

Sócrates morre e deixa um grande vazio para os que o conheceram e o viram jogar. Era ídolo incontestável: as manifestações de pesar que correm o mundo atestam a dimensão de um jogador de futebol cuja arte transcendeu os gramados para permanecer nas memórias.

Tempo de crise

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Quem tem mais idade pode dizer que viveu o suficiente para atravessar vários períodos de crise. O que não dá para dizer é que a perspectiva de uma crise mundial assuste muito aos brasileiros experientes em situações desse gênero: passamos por tanta confusão, tantas perdas irreparáveis que dá até para se considerar como verdadeiro milagre a boa situação do Brasil atual enquanto a Europa vai se afundando numa crise para eles sem precedentes.

Mas, a crise ronda o Brasil a despeito de pronunciamentos oficiais que tentam mitigar os perigos dela para o país.  Está para ser divulgado o PIB e teme-se que, devido redução do valor dele, instale-se algum desânimo. Para evitar redução na economia o governo sai a campo com um pacote de medidas para ativá-la. O que se busca é a reversão do desaquecimento da economia e o estabelecimento de condições para que o país possa crescer no novo ano que se aproxima.

Em todo caso, aí vem o natal e espera-se que os brasileiros saiam às compras. Para isso, entre outras medidas, o governo reduz o imposto sobre eletrodomésticos da linha branca (geladeiras etc.). Dos resultados das ações do governo só saberemos daqui a algum tempo.

Mas, o que deve pensar sobre tudo isso o cidadão comum ao qual escapam os mecanismos que regulam as operações financeiras? Creio que apenas algum receio e a esperança de que o governo esteja agindo no caminho certo. A verdade é que mesmo através da leitura diária de pelo menos dois jornais o cidadão não consegue formar opinião mais abrangente que a noção de que há uma crise em andamento e os governos nacionais estão perdidos em relação à melhor solução para ela. Vejam-se as desencontradas opiniões dos governantes europeus diante da grande ameaça da desagregação do bloco do euro. Ontem mesmo o presidente francês, Nicolas Sarkozy, verberou sobre a necessidade de se refundar a Europa sem o que a partir de agora a história do mundo será escrita sem ela. Disse ele que essa é opinião da França e da Alemanha. E a fabulosa indústria chinesa experimenta um momento de retração consequente à crise nos países ricos. Encrencado, não?

O mundo tornou-se pequeno devido às facilidades de transportes e o grande desenvolvimento das possibilidades de comunicação. Ontem li que daqui a algum tempo, se a humanidade pretender continuar a existir, a solução será viver, também, em outros planetas. Cientistas colocam vermes em naves espaciais para estudar o comportamento delas que é semelhante ao dos seres humanos. Segundo relatam os cientistas até agora os resultados das experiências com os vermes são animadores. Entretanto, existem outros grandes problemas a serem superados como a gravidade e temperaturas diferentes dos planetas.

Bem, crise ou não, caso eu fosse obrigado e me mudar para outro planeta, escolheria Marte. Adoro Marte embora na ficção os marcianos nunca sejam tomados como amigos dos terráqueos pelos escritores.

Mas, vem aí o tempo das festas e o melhor é desfrutá-las bem. Quanto a crise vamos deixá-la para o ano que vem, o último do calendário Maia que, segundo alguns, prevê o fim do mundo para 2012. Será?