2009 abril at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para abril, 2009

O 21 de abril

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180px-figueiredo-mhn-tiradentesAprendemos nas escolas que a Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, foi um movimento ligado às idéias de liberdade e república daí ser relacionar-se com o processo de independência do Brasil. A historiografia recente tem preferido colocar como questão mais importante do movimento a perda de privilégios pela população abastada da capitania de Minas Gerais. Assim, mais que uma revolta contra a tirania da Coroa portuguesa que impôs taxação excessiva sobre os produtos da mineração, o movimento inconfidente traduziu-se na reação de uma elite contra seus interesses ameaçados.

Como se sabe, o movimento fracassou. Os inconfidentes foram presos, alguns deles deportados e Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) tornou-se mártir ao ser morto e esquartejado em praça pública.  

A partir de 1870, com o início da campanha republicana, iniciou-se a construção do mito de Tiradentes sendo rendido culto cívico a ele . A proclamação da República, em 1889, abriu espaço para a busca de um herói para novo regime. Nenhum dos republicanos de primeira hora – Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Floriano Peixoto e alguns outros – preenchia os requisitos de verdadeiro herói. Foi assim que se buscou no movimento inconfidente aquele que se tornaria o herói nacional. De fato, já em 1890 declarou-se feriado o dia 21 de abril em homenagem a Tiradentes e assim é até hoje.

O ensaio “Tiradentes, um herói para a República” de autoria do Prof. José Murilo de Carvalho esmiúça a construção do mito de Tiradentes. São interessantes as observações sobre como, à falta de uma fotografia de Tiradentes, foi-lhe atribuído aspecto semelhante ao de Cristo, realçando-se suas características de mártir e herói nacional.


 

Carvalho, José Murilo de. A Formação das Almas. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.

Escrito por Ayrton Marcondes

21 abril, 2009 às 5:45 pm

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Postado em Cotidiano

A dança do quadrado

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O funk é divulgado em tom imperativo: cada um no seu quadrado, dança bonito, dança bonito, dança bonito. Homens e mulheres separam-se é cada um por si, cada um no seu quadrado. De repente, entre o um e o outro a barreira invisível, cada um no seu quadrado, seguindo a voz que canta:

Eu disse ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!
Ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!

Nada pode destruir a grande barreira do quadrado quando a moça repete quatro vezes os gestos do saci e imita o saci com giratória, tudo dentro do seu quadrado onde ela reina absoluta. No quadrado ao lado, o rapaz é um saci em giratória, quer estender o braço, tocar a moça, mas a grande barreira o impede, é cada um por si dentro do seu quadrado. Isso dura até que a voz avisa: agora prestem atenção: o quadrado do lado, é quadrado do inimigo, empurra o inimigo, pedala no inimigo, beijinho no inimigo, mas quem quiser dar selinho, pode dar selinho também. E continua: ado-a-ado, cada um no seu quadrado.

A voz não para, a voz sugere movimentos que cada um executa como quer dentro do seu quadrado.  Há o momento em que é preciso nadar no seu quadrado, fazer 100 metros rasos no quadrado e imitar bichinhos: macaquinho no seu quadrado, gaivota no seu quadrado, siri no seu quadrado, ado-a-ado, cada um no seu quadrado.

De repente o quadrado é o mundo. Os que dançam fecham-se nos seus quadrados e torna-se possível o isolamento total no meio da multidão. A dança do quadrado retira pessoas do contexto em que se encontram, recolhe-as a uma prisão voluntária onde corpo e alma agitam-se sob um ritmo selvagem.  Um ritual complexo de heranças tribais governa esse aprisionamento voluntário dentro de um espaço mínimo onde a liberdade gestual e integral torna-se possível.

Quando a voz se cala os quadrados desaparecem e os que dançam saem da prisão onde gozavam de liberdade absoluta. Agora os casais se abraçam, o governo volta a ser o das liberdades mediadas, do conflito de interesses, a tal liberdade que depende da existência do outro.

Dança bonito, dança bonito, dança bonito, a vida é um grande baile e nada nos resta senão dançar, cada um no seu quadrado.

Escrito por Ayrton Marcondes

20 abril, 2009 às 12:03 pm

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Postado em Cotidiano

Em torno dos clássicos

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Não se trata de música clássica, o assunto é futebol. Ouço de três pessoas que não assistirão e nem ouvirão pelo rádio os jogos decisivos de seus times neste fim de semana. As razões variam do mau desempenho de alguns jogadores, à decepção com resultados tidos como certos e falhas desnecessárias que resultam em gols.

Imagino essas pessoas no sábado e domingo, jogos correndo, fugindo de informações, tapando ouvidos para não ouvir foguetes, sofrendo de outro modo.

O futebol é paixão e como tal deve ser encarado. Enquadrado nessa categoria o que se espera do futebol é o mesmo de outras paixões: alegrias breves e decepções. Gritamos espasmodicamente nos gols dos nossos times, protestamos quando sofremos gols. As vitórias muitas vezes nos levam ao delírio, as derrotas estragam dias inteiros e afetam gravemente o nosso humor – existe algo pior que a gozação dos colegas de serviço?

Como acontece em relação a outras paixões, nem sempre somos capazes de explicar porque adotamos um determinado clube para torcer. Mas, uma vez escolhido, estabelece-se verdadeiro pacto de morte: é sob a sua bandeira e cores do time de nosso coração que vibraremos vida afora.

Não se pode fugir à paixão, faz parte do destino amar um esporte que nos faz sofrer. Mas que fazer se, por outro lado, ele nos trás prazeres imensos e grandes alegrias?

Não há porque negar, o futebol é um imenso ópio que torna a mais fácil a rotina dos nossos dias e confere magia a um mundo no qual são escassas as possibilidades de realização.

Escrito por Ayrton Marcondes

18 abril, 2009 às 11:43 am

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Postado em Cotidiano, Esportes

As FARC libertam

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As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciam que libertarão um militar feito refém em 1997. De lá para cá se passaram doze anos e agora o militar será devolvido à sua família e à sociedade.

O que intriga nessas notícias sobre as FARC não é propriamente a existência desse movimento, nem o seu fracasso. O que desafia a lógica comum é o fato de terem galgado à condição de subtrair a liberdade de pessoas pertencentes “ao outro lado”, representado por todos aqueles que não comungam com a ideologia ou não pertencem ao movimento.

Aquela fotografia de Ingrid Bittencourt presa e em estado deplorável correu o mundo, causando-nos calafrios talvez maiores porque o cárcere a que ela foi recolhida era e é ilegal.

Os relatos de ex-prisioneiros da guerrilha que retornaram são pungentes não só pelo sofrimento, mas pelo tempo em que estiveram presos. Porque é incompreensível que pessoas sejam alijadas de seus direitos, o maior deles a liberdade, por forças clandestinas e que atuam na ilegalidade.

Mas o que importa mesmo é afirmar que há algo de inumano nessa notícia de que um homem vai ser solto após viver como prisioneiro durante doze anos em florestas, algo que torna amargo o gosto do café que tomo enquanto corro os olhos nas páginas dos jornais.

Escrito por Ayrton Marcondes

17 abril, 2009 às 9:50 am

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Postado em Cotidiano

Abaixo o pimentão

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pimentaoPobre Pimentão. Bom de gosto, componente de vários pratos e receitas, fonte de vitaminas e sais minerais, está na berlinda: a ANVISA informa que o pimentão é o campeão em porcentagem de agrotóxicos. Abaixo dele o morango, a uva e a cenoura. Isso quer dizer que quem vai aos supermercados e feiras livres traz para casa alimentos potencialmente prejudiciais à saúde.

Não se nega que os agrotóxicos são necessários para combater pragas da lavoura. Entretanto, há que se considerar que de sua fabricação até o momento em que chegam à nossa mesa, agregados aos alimentos, existem fases a serem vencidas. Em primeiro lugar, os agrotóxicos devem ser aprovados por órgãos do governo. Nesse caso, a lei pode ser burlada pela entrada no país, via contrabando, de agrotóxicos não aprovados. Isso vem acontecendo como se constata através da detecção, em alguns alimentos, de agrotóxicos não permitidos no país.

Outro problema é o que se refere à utilização. Não basta que os fabricantes produzam agrotóxicos e os façam acompanhar de instruções. É preciso treinamento de pessoas para evitar o mau uso tal como a utilização de quantidades inadequadas etc.

Fiscalização, empenho dos fabricantes, cuidados na comercialização e treinamento estão entre as medidas necessárias para a proteção da saúde pública. Esforços têm sido feitos nesse sentido e, apesar deles, ingerimos agrotóxicos junto com nossos alimentos.

E voltamos ao pimentão. Não é justo que o valoroso legume apareça na mídia como campeão em porcentagem de agrotóxicos. Talvez fosse melhor colocar a culpa no quiabo, sei lá.

Escrito por Ayrton Marcondes

16 abril, 2009 às 12:53 pm

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Postado em Biologia, Cotidiano

Os limites da conduta

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Existe certo consenso em classificar como normal aquilo que é mais freqüente. Admitindo-se isso como válido é de se perguntar o que é normal e esperado diante de certas situações do cotidiano.

A atual greve de trens no Rio de Janeiro nos conduz ao epicentro de uma crise complexa. Os fatos são conhecidos: o sindicato dos ferroviários declara greve; a população que se serve dos trens é tremendamente prejudicada; os responsáveis pelos trens esforçam-se em restabelecer os serviços, obviamente sem conseguir atender todas as necessidades do público.

Eis aí mapeado o território de situação potencialmente explosiva. E acontece: plataformas e trens superlotados, passageiros impedindo o fechamento das portas. A partir daí assistimos a imagens impressionantes de seguranças chicoteando passageiros para tornar possível o fechamento das portas.

A imprensa mostra imagens das agressões e as classifica como injustificáveis; um dos responsáveis pelos serviços de trens afirma que o sindicato é confuso e o responsabiliza. Mais: sem justificar as agressões e garantindo que não é essa a norma da companhia, destaca que é crime impedir o fechamento das portas e que os que ficam ali, provocando os seguranças, são bandidos.

Onde a razão? Que condutas seriam esperadas? As imagens são de fato chocantes, há pessoas sendo chicoteadas, algumas esmurradas. Há também passageiros provocando seguranças.

O trem parte. Em cima de um vagão, três moleques que seguem de carona. Em primeiro plano um homem sorrindo, aparentemente alheio a algo a que já se habituou.

No fim fica-se com a impressão de que na rotina dos envolvidos a encrenca é freqüente, convive-se com limites de conduta mais elásticos e tudo passa por ser normal, parte do cotidiano.

Escrito por Ayrton Marcondes

15 abril, 2009 às 11:40 am

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O torcedor

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Se bem me lembro, a primeira vez que fui ao Pacaembu foi para assistir a um jogo entre o São Paulo e o Palmeiras. Eu era menino e fui levado pelo meu irmão, já falecido. O estádio do Pacaembu era muito diferente a começar pela concha acústica que, mais tarde, foi substituída pelo atual tobogã.

São Paulo também era outra cidade, mais provinciana, menos cosmopolita. Os bondes circulavam nas ruas e recolhiam-se, tarde da noite, à estação da Vila Mariana que se localizava um pouco à frente de onde hoje está a Estação Ana Rosa do metrô. Velha cidade! O Paissandu figurava como ponto chique com seus cinemas e restaurantes. Num deles vi certo dia, o cantor Agostinho dos Santos, ídolo na época. Noutra ocasião, por ali circulava Paulo Autran, então jovem e arrogante, atraindo as atenções dos passantes.

Nada de torcidas organizadas, nada de depredações e grandes brigas. Amava-se o futebol com paixão, mas respeitando-se a arte inclusive a dos adversários. Gostava-se do jogo, simplesmente.

Pois revi um pouco desse respeito ontem à noite quando assistia o noticiário sobre a contusão de Rogério Ceni, do São Paulo. O grande goleiro foi operado no Hospital do Coração e ficará seis meses afastado do futebol. Na porta do hospital, alguns torcedores que vieram dar apoio ao ídolo. Entre eles, um corintiano que foi abordado por um repórter.  Perguntado sobre o porquê da sua presença o corintiano explicou que viera ali para torcer pela recuperação do craque do time adversário.  Rivalidade à parte, entendia que o próximo jogo entre o Corinthians e o São Paulo não seria o mesmo sem a presença de Rogério Ceni.

Quem disse isso foi um rapaz para quem, acima de tudo, está a paixão pelo esporte  - como aliás deve ser. Olhando-o em sua simplicidade pareceu-me que ele estaria fora do lugar, talvez de época. Não por acaso fechei os olhos e completei as imagens da televisão com outras da minha memória. Então o rapazinho atravessou a rua, entrou num bonde elétrico e desapareceu numa cidade que não mais existe.

Escrito por Ayrton Marcondes

14 abril, 2009 às 10:54 am

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Os inimigos de olhos puxados

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barak-o-ramboOnde fica a Birmânia? Pouca gente sabe. Para começar, o país já não se chama Birmânia: desde 1989 passou a se chamar Mianmar. Localiza-se no Sudeste Asiático, entre Bangladesh e Tailândia e é banhada pelo Mar de Andaman e a Baía de Bengala.

Mianmar vive sob uma ditadura e permanente crise política e social. A oposição é reprimida, não há liberdade de imprensa e grupos étnicos são perseguidos.

Eu jamais pensaria na Birmânia se no domingo à noite, procurando alguma coisa para fazer, não tivesse assistido ao filme Rambo IV que está em cartaz na rede Telecine. Não é o tipo do filme que se recomende, várias vezes pensei em desligar a televisão, mas fui vencido pela curiosidade sobre a Birmânia.

Todo mundo conhece John Rambo, o personagem de Silvester Stallone. O cara é demais. Ele sempre está quieto em seu canto quando alguma necessidade de salvar pessoas ou uma encrenca da qual ele não esperava participar acontece, envolvendo-o na trama. A partir daí sabemos que tudo vai dar certo no final tendo como recheio o fato de que Rambo exterminará, quase sozinho, exércitos inteiros.

Desta vez Rambo mata centenas soldados de olhos puxados. É bom lembrar que os tradicionais inimigos dos heróis do cinema norte-americano têm olhos puxados ou são mulçumanos terroristas. Isso faz parte de uma cultura que coloca os EUA como salvadores do mundo e que Barak Obama vem tentando minimizar. Recentemente o presidente fez visita ao mundo islâmico e declarou que “os EUA não estão e nunca estiveram em guerra contra o Islã”.

Será considerável o esforço a ser despendido por Obama para que o mundo veja os EUA de modo diferente. Terá contra seu projeto toda a história de pressões e interferências sobre outros países, quase sempre atendendo aos interesses maiores dos EUA. Isso sem falar na cultura de seu próprio país. Nesse sentido talvez seja importante que a indústria do cinema reveja a natureza de algumas das suas produções como esse Rambo IV que, aliás, não vale a pena assistir.

Escrito por Ayrton Marcondes

13 abril, 2009 às 12:16 pm

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Frost/Nixon

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Talvez não seja o caso de se fazer a resenha de um grande filme. O que incomoda é o que está por detrás do enredo, o lado verídico. Nixon renunciou, em 1974, por conta do escândalo Watergate, para evitar o impeachment. Três anos depois, o ex-presidente concedeu ao apresentador inglês, David Frost, entrevista na qual admitiu sua culpa no caso Watergate.

Sob o sol que ilumina o hemisfério onde se encontra a América do Sul, o crime de Richard Nixon não parece tão relevante. Também não parecem ser as acusações feitas, mais trade, contra o ex-presidente Bill Clinton devidas a relacionamento amoroso fora do casamento.

Frost/Nixon nos trás, em toda a densidade, o posicionamento da sociedade e de pessoas envolvidas frente um caso de corrupção. Nixon renunciou porque pactuou e sabia que isso era inaceitável aos padrões da sociedade em que vive. Frank Magela representa com brilho, no cinema, o Nixon que se digladia com a negação de seu ato e finalmente sucumbe ao peso da verdade; Michael Sheen é o David Frost, apresentador de televisão que consegue o impossível: a confissão de Nixon.  Tudo isso enquadrado por câmeras como, aliás, aconteceu na realidade.

O que nos incomoda em Frost/Nixon é a natureza da crise de valores. Habituados ao descaso com a corrupção e ao suborno, ao retorno de corruptos ao seio da política e à impunidade, o filme dirigido por Ron Howard nos constrange a ponto de nos esquecermos de que se trata de cinema de primeira categoria.

Coisa e opinião de latino-americano.

Escrito por Ayrton Marcondes

12 abril, 2009 às 2:04 pm

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Big Brother

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big-brotherEstá nos sites da Internet propaganda de uma caneta que promete captar imagens e gravar vozes. Custa barato, pouco mais de 100 reais. Um amigo me diz que é preciso parar com isso, bloquear a venda, imagine-se só no que isso vai dar.

Também estão à venda – camelôs oferecem nas ruas – gravadores digitais de voz com capacidade para mais de trinta horas. Mais: estão falando sobre uma lente que, instalada em câmeras fotográficas, permite fotografar pessoas como se não estivessem vestidas. E corre por aí que está por ser aprovada uma lei que torna obrigatória a instalação de rastreadores em todos os carros novos.

Celulares que fotografam e filmam, canetas filmadoras, rastreadores, a história da privacidade parece estar no fim. A sociedade atual coloca às nossas costas um grande olho que nos persegue e nos torna vulneráveis. Isso sem falar em escutas telefônicas, autorizadas ou não.

A realidade supera a ficção. O Grande Irmão de Orwell finalmente vive, instrumentado por avanços tecnológicos a serviço de interesses quase sempre escusos.

O curioso é que assistimos a tudo isso calados, como se fôssemos personagens de filmes futuristas dominados por forças superiores que subjugam a humanidade e contra as quais nenhuma reação parece possível.

Escrito por Ayrton Marcondes

11 abril, 2009 às 3:40 pm

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